Hoje fazem quatro anos que a minha bisavó materna partiu, e parece que foi ontem. O tempo passou a correr, mas a saudade continua a apertar-me o peito como se ela tivesse partido ontem. Eu não morava lá, mas sempre que podia, ia visitá-la. A cada ida, o coração ficava mais leve só de ver aquele sorriso acolhedor, a presença dela que tornava tudo mais calmo, mais bonito. A minha bisavó era uma mulher com uma bondade imensa, com uma beleza serena, e um carinho que parecia não ter fim. Quando eu estava lá, ela tinha sempre tempo para mim, mesmo que as visitas fossem mais curtas do que eu desejava.
Lembro-me das tardes em que passava com ela, a ouvir as suas histórias e as suas canções. As suas risadas, os gestos delicados com que me ensinava as coisas mais simples, mas que eu só agora entendo o quanto eram valiosas. Ela ensinava-me a cuidar de tudo com paciência e a dar valor aos pequenos momentos. Mas, naquela altura, por mais que me sentisse grato, nunca imaginava que um dia a vida me tiraria tão cedo a sua presença. Achava que, como todas as coisas boas, ela estaria sempre ali, à minha espera, pronta para mais uma conversa, para mais um sorriso.
Agora, olhando para trás, vejo como eu subestimava o tempo que passava com ela. Quase sempre a visitar, mas nunca a viver o suficiente ao lado dela para poder compreender completamente a sua sabedoria, o valor das suas palavras e o impacto de tudo o que ela me dava. Não percebia que aquelas conversas, aquelas risadas, aqueles momentos de cumplicidade, eram mais preciosos do que imaginava. Acredito que pensava que o tempo seria sempre meu aliado, que poderia sempre voltar e encontrar a mesma tranquilidade nos seus olhos.
Hoje, quatro anos depois, a saudade é imensa. Sinto falta das nossas tardes, do jeito dela a me acolher como se fosse a coisa mais natural do mundo. O vazio que ela deixou é algo que ainda me custa a preencher. Sinto falta das suas cantorias baixinho pela casa, das suas mãos cuidadosas, do seu olhar cheio de amor. Às vezes, fecho os olhos e consigo quase ouvi-la a chamar-me, a falar comigo de novo, mas quando abro os olhos, vejo que a sua presença física se foi, e o que resta são apenas as memórias.
E o que me dói ainda mais é que, muitas vezes, não me apercebia do quão imenso era o seu amor. Achava que o tempo iria sempre me dar a oportunidade de a rever, de continuar a aprender com ela, de ter mais uma risada, mais um conselho. Mas agora, só me restam os fragmentos daqueles momentos, as memórias que se vão tornando cada vez mais distantes, como se o tempo tivesse feito questão de apagar a sua imagem da minha rotina. No entanto, mesmo com a dor da saudade, sei que ela continua a viver em mim, nas lições que me deu e nas recordações que guardo com tanto carinho.
Quatro anos depois, e a saudade só cresce. Muita saudade, bisavó, muita saudade mesmo. Às vezes, ainda sinto como se tivesse um pedaço de ti comigo, a cada gesto, a cada palavra que sigo tentando lembrar, a cada risada que dou sem saber que é o reflexo do teu amor eterno.