Memórias. Que de significado trazem consigo relatos de eventos passados de alguém. E hoje, longe de casa, num país que não é o nosso, tive uma muito boa e senti-me perto de casa. Senti-me em tua casa, por uma memória tua meu avô.

Hoje, ao jantar, o dono do restaurante veio mostrar uma cesta de cilercas. E elas podiam ser as piores do mundo mas na minha boca estavam as melhores de sempre. Que bem me lembro das cilercas que fazias e ias apanhar. Que lanches e jantares na tua acolhedora cozinha tu fazias com toda a tua humildade. E que bons eles eram.

Obrigado avô por ainda assim, a ver-me aí de cima, possas dar-me o acolhimento só com as memórias que me deixastes.

Ontem na missa do 7o mês da tua partida, a palavra era sobre os arcanjos e que os pais ensinavam aos filhos em pequenos a sua primeira oração. "Anjo da Guarda, minha companhia, guardai minha alma, de noite e de dia". 
E foi contigo que aprendi. Foste tu que me iniciaste na oração. Todas as noites ao teu peito rezava ao anjinho da guarda e ensinavas me a benzer. Momentos que ficam para sempre e que nos vêm à memória. Obrigado Pai. 

Pai, eu era tão tua e tu eras tão meu, que parte de mim partiu contigo. Começo agora a perceber que tudo o que me disseste está a fazer sentido. E tu não estás cá. Já não telefonas e eu não posso ligar te e contar te tanta coisa que te irias orgulhar. Podes ver aí de cima que tudo se cumpriu como foi teu desejo. Sei que partiste onde te sentias bem. Eu agora já ultrapassei essa parte. Ajuda me a ultrapassar a tua ausência física. Eu era a tua luz, agora és tu a minha estrela!
Já me deste 2 sinais. Continuo à espera de mais. Amo te muito.
Tua filha Mónica