In Memorium
Este memorial foi criado em memória de Helena Maia, , 82 anos de idade, nascida em 7 de maio de 1941 e que nos deixou em 23 de novembro de 2023. Que a sua recordação dure para sempre.

Tributos são mensagens curtas celebrando a vida de Helena, ou uma expressão de apoio para a sua família ou amigos mais próximos. Deixe aqui o primeiro tributo, que será seguramente seguido por muitos outros.

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Últimos Tributos
Percurso

Uma Ida ao teatro

Foi no dia 17 de novembro de 2019 que a minha avó, cheia de força e resiliência, saiu de sua casa em Agualva Cacém e, pelo seu próprio pé, apanhou o comboio para Lisboa. Ela estava convencida por mim pelo menos a sair de casa e vir ver o seu neto a representar.

Esse dia foi muito especial para mim. Naquele mês, eu estava a apresentar pela primeira vez um espetáculo com a companhia de teatro da qual faço parte -Teatro da Cidade -  no Teatro D. Maria II. Era um motivo de orgulho e, por isso, quis convidar os meus familiares.

A minha avó, sempre determinada, chegou ao teatro e ralhou com o senhor da bilheteira. Apesar de ter um convite reservado para ela, fazia questão de pagar o bilhete. Eu, antecipando este quiproquó, tinha dado instruções claras ao senhor da bilheteira: "Peço-lhe por tudo que não deixe a minha avó pagar o bilhete. Eu tenho direito a este convite e faço questão de o oferecer."

Depois de resolvermos a questão dos bilhetes e contar metade da sua vida a este senhor, a minha avó sentou-se comigo e disse: "Vá, agora vens comer aqui um lanchinho comigo. O que é que queres?" A carta do teatro tinha uma ementa diferente da qual ela costumava comer. Sugeri-lhe uma tosta de pera abacate, e ela olhou para mim, espantada, sem saber o que era. Sempre desconfiada, disse que não ia gostar, mas assim que a tosta chegou e ela provou, fez-se um silêncio. Gostou tanto que comeu tudo!

Fiquei feliz, não só por ela ter vindo ao teatro, mas por partilhar com ela um momento tão simples e vê-la contente ao experimentar algo novo. Talvez ela não precisasse de vir mais vezes ao teatro para ver o seu neto, mas esses momentos simples que a vida nos oferece eram preciosos.

Depois do lanche, ela subiu de elevador para a sala experimental, e ali a deixei enquanto fui para o camarim preparar-me. No final do espetáculo, dei-lhe um abraço e agradeci muito por ter estado presente naquele dia. Será uma memória que jamais esquecerei.

Histórias recentes

Uma manhã na casa de férias

Partilhado por Bernardo Souto em 3 de agosto de 2024
Numa manhã de agosto, precisamente no dia 15 de 2019, perto da praia de S. Julião, onde o tempo parece girar ao contrário, passei alguns dos dias de verão em repouso com a minha família materna. A primeira pessoa que vi foi a minha avó.

O nascer do sol que entrava pela janela iluminava a casa, espalhando luz por quase todos os cantos. Ouvíamos o som dos chinelos arrastando-se pela cozinha, sinal de que a minha avó já estava de pé. Ela tomava sempre o mesmo pequeno-almoço: um copo de leite com sevada e pão. Junto com isso, vinham os comprimidos que tomava para gerir as suas preocupações gástricas. Aos domingos, ligava a televisão para ouvir a missa, mas em dias normais, as prioridades eram outras.

Depois de tomar o pequeno-almoço, lavava-se, vestia-se, penteava-se, aplicava os seus cremes e colocava a sua bijutaria. Ela gostava de estar pronta para sair e ir às compras, embora não tivesse carro e o supermercado ficasse longe demais para ir a pé.

Nesse dia, no entanto, tinha acabado de lavar a roupa à mão, uma tarefa que vi poucas pessoas fazerem ao longo da minha vida. Ela não gostava que lhe tirassem fotografias de improviso, mas tive a sorte de capturá-la num momento bastante caricato.

Uma Ida ao Teatro

Partilhado por Bernardo Souto em 24 de julho de 2024
Foi no dia 17 de novembro de 2019 que a minha avó, cheia de força e resiliência, saiu de sua casa em Agualva Cacém e, pelo seu próprio pé, apanhou o comboio para Lisboa. Ela estava convencida por mim pelo menos a sair de casa e vir ver o seu neto a representar.

Esse dia foi muito especial para mim. Naquele mês, eu estava a apresentar pela primeira vez um espetáculo com a companhia de teatro da qual faço parte -Teatro da Cidade -  no Teatro D. Maria II. Era um motivo de orgulho e, por isso, quis convidar os meus familiares.

A minha avó, sempre determinada, chegou ao teatro e ralhou com o senhor da bilheteira. Apesar de ter um convite reservado para ela, fazia questão de pagar o bilhete. Eu, antecipando este quiproquó, tinha dado instruções claras ao senhor da bilheteira: "Peço-lhe por tudo que não deixe a minha avó pagar o bilhete. Eu tenho direito a este convite e faço questão de o oferecer."

Depois de resolvermos a questão dos bilhetes e contar metade da sua vida a este senhor, a minha avó sentou-se comigo e disse: "Vá, agora vens comer aqui um lanchinho comigo. O que é que queres?" A carta do teatro tinha uma ementa diferente da qual ela costumava comer. Sugeri-lhe uma tosta de pera abacate, e ela olhou para mim, espantada, sem saber o que era. Sempre desconfiada, disse que não ia gostar, mas assim que a tosta chegou e ela provou, fez-se um silêncio. Gostou tanto que comeu tudo!

Fiquei feliz, não só por ela ter vindo ao teatro, mas por partilhar com ela um momento tão simples e vê-la contente ao experimentar algo novo. Talvez ela não precisasse de vir mais vezes ao teatro para ver o seu neto, mas esses momentos simples que a vida nos oferece eram preciosos.

Depois do lanche, ela subiu de elevador para a sala experimental, e ali a deixei enquanto fui para o camarim preparar-me. No final do espetáculo, dei-lhe um abraço e agradeci muito por ter estado presente naquele dia. Será uma memória que jamais esquecerei.