O dia em que partiste
Faz hoje cinco anos. Na véspera a médica telefonou-me a dizer que estavas em coma profunda e nada mais havia a fazer por ti. Esperei ter nova chamada telefonica durante a noite ou mesmo de manhã, mas ela não chegou. Achei estranho, e liguei para o hospital. Disseram-me que estavas acordado e bem disposto. Não queria acreditar, pois as notícias da véspera não eram nada animadoras. Fui ao hospital, falaste comigo durante uma hora, embora pouco tenha percebido o que querias dizer. A tua dificuldade em falar era grande e o som pouco percetível. Percebi apenas duas coisas: que me conheceste e que querias partir. A vida que tinhas no momento não te interessava mais. Como não entendi o resto que disseste , pedi-te para descansares. E tu assim fizeste, descansaste para sempre, pois nesse preciso momento entraste em morte cerebral. Antes disso , no entanto, enviaste-me um beijo com a mão, pois devido à tua doença o contacto físico estava proibido. Hoje envio-te um beijo grande com a mão também. Até sempre meu pai, muito obrigado pelo que fizeste por mim.